quinta-feira, 22 de novembro de 2012

ACAPOR apresenta queixa e consegue encerramento do OXE7 e Wareztuga

A Associação do Comércio Audiovisual de Obras Culturais e de Entretenimento de Portugal (ACAPOR) apresentou ontem queixa no Gabinete de Combate à Cibercriminalidade da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra aqueles que são provavelmente os dois portais de partilha de ficheiros e transmissão de ficheiros piratas mais usados em Portugal.

Nuno Pereira, presidente da ACAPOR, dá uma noção da grandeza dos sites que foram alvo de queixa: «há dias, o WarezTuga disse ter batido o recorde de audiência com 150 mil utilizadores e 277 mil visitas num único dia. Ora se 30% dessas 150 mil pessoas virem um filme por dia nesse portal, chegamos ao final do ano com mais de 16 milhões de espetadores. O que significa que há mais utilizadores deste portal do que espetadores em todas as salas cinema portuguesas, que em 2011 não foram além dos 15 milhões. O Oxe7 é maior que o WarezTuga, só que distribui tudo e mais alguma coisa – de vídeos a músicas, de jogos a revistas – e por isso não podemos fazer o mesmo tipo de comparação com as salas de cinema. Em contrapartida, o WarezTuga distingue-se por fazer streaming de vídeos legendados em português».

Inquirido pela Exame Informática, o responsável pela ACAPOR explica que foi recebido por um procurador aquando da apresentação da queixa, que agora deverá ser encaminhada para investigação do Ministério Público, a fim de apurar se há prática de ilícitos e se os responsáveis pelos dois sites devem ir ou não a julgamento. «Durante o encontro, o procurador explicou-nos que há dificuldades técnicas e jurídicas para lidar com estes casos», relata Nuno Pereira.

Tanto o WarezTuga como o Oxe7 estão alojados no serviço CloudFlare, que está sedeado nos EUA. «Se fosse um serviço de alojamento português, o problema estava resolvido», acrescenta Nuno Pereira.

A comprovar as potenciais «dificuldades jurídicas» aludidas pelo procurador no encontro com a ACAPOR está o recente o arquivamento de duas mil queixas que a associação dos clubes de vídeo apresentou junto da PGR contra internautas que usaram números de IP para partilhar ficheiros sem a autorização dos autores. Num primeiro despacho sobre este caso iniciado em janeiro de 2011, o Ministério Público considerou que era «lícito» partilhar música, vídeo ou software na Net sem o consentimento de quem os produziu.

Depois da emissão desse despacho, a ACAPOR ainda tentou constituir-se como assistente do processo, mas essa solicitação foi rejeitada. O significa que o processo é arquivado em definitivo e não será reapreciado por um juiz, refere o site da associação.

Apesar da primeira derrota, a ACAPOR mantém-se na ofensiva judicial. O facto de terem sido apresentadas apenas duas queixas (e não 2000) e de os alvos das queixas serem os gestores dos portais e não os utilizadores desses portais pode revelar o início de uma nova estratégia de ataque à proliferação de conteúdos não autorizados na Web: «O nosso objetivo principal é que os dois sites sejam fechados e não tanto saber quem é que está por detrás do WarezTuga ou do OXe7», conclui Nuno Pereira.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Rede de casamentos por interesse desmantelada pelo SEF

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras desmantelou esta terça-feira uma rede criminosa de casamentos de conveniência, auxilio à imigração ilegal e falsificação de documentos, tendo detido seis pessoas, numa operação em simultâneo em França e no Reino Unido.

De acordo com o SEF, a operação "Xeque ao Rey" é a primeira operação resultante de uma equipa de investigação conjunta entre vários países europeus, neste caso Portugal, Reino Unido e França, e foi o culminar de sete meses de investigação.

Na sequência desta operação, e no cumprimento de vários mandados judiciais, foram efetuadas seis buscas em domicílios, três buscas e apreensão de veículos e uma busca de estabelecimento comercial que resultaram na detenção de seis pessoas, para além da apreensão de 1,5 quilos de haxixe, documentos, computadores e telemóveis.

Em Portugal, a operação decorreu "em diversos locais da zona de Lisboa e a sul do Tejo". Para além dos seis mandados de detenção, foi também executado um mandado de detenção europeu.

Para além das seis pessoas detidas em Portugal - quatro homens e duas mulheres - foram detidas mais 17 pessoas no global da operação, contabilizando assim 23 pessoas, entre 10 detenções em França e outras sete no Reino Unido. As duas mulheres detidas em Portugal são de nacionalidade portuguesa e funcionavam como angariadoras.

As pessoas agora detidas serão presentes a Tribunal nas próximas 48 horas.

Os detidos estão indiciados por associação criminosa, auxílio à imigração ilegal, falsificação e contrafação de documentos, burlas e fraudes bancárias, bigamia, branqueamento de capitais, entre outros crimes.

Segundo o SEF, esta rede criminosa dedicava-se a angariar homens e mulheres portugueses "em situação económica precária" para casarem com cidadãos estrangeiros em vários países europeus a troco de avultadas somas em dinheiro, entre 15 mil a 20 mil euros.

Os casamentos realizavam-se em países como Espanha, França, Suécia, Reino Unido, Dinamarca e Alemanha e maioria dos "noivos" era oriunda de países indoestânicos como a Índia, o Paquistão ou o Bangladesh, mas também da Nigéria.

O valor total angariado por esta rede com os casamentos de conveniência ainda não está contabilizado.

Nesta operação estiveram envolvidos 120 agentes, entre 50 em França, 40 em Portugal e 30 no Reino Unido.

À Lusa, fonte do SEF, pertencente à Direção Central de Investigação, Pesquisa e Análise de Informação (DCIPAI), de onde partiu a investigação, explicou que Portugal aderiu à criação da equipa de investigação conjunta (EIC) a pedido do Reino Unido, pedido depois formalizado através da assinatura do respetivo acordo, a 30 de janeiro, na sede do Eurojust.

A mesma fonte adiantou que esta foi a primeira operação do género realizada e afirmou acreditar que o futuro da investigação do crime de casamento de conveniência passe por este tipo de investigações conjunta.

A justificar isso está o facto de o modo de operação destas redes estar a mudar e de a opção ser de angariar mulheres em Portugal para depois casarem noutros países europeus, o que torna este fenómeno num problema europeu.

Para o sucesso no combate a este crime, a fonte do SEF defendeu que seria necessária uma uniformização da penalização do crime de casamento de conveniência e, por outro lado, a possibilidade de haver um registo civil uniforme ou acessível aos vários estados europeus porque sem isso não é possível saber se uma mulher é ou não já casada em qualquer país europeu.

Esta fonte do SEF acredita, por isso, que vai continuar a registar-se até ao final do ano e durante 2013 um "aumento exponencial" do número de casos.

Portugueses extraditados do Canadá

O embaixador de Portugal no Canadá recomenda que os Portugueses interessados em emigrar para o país devem cumprir a legislação existente, referindo conhecer casos de repatriamento imediato à chegada ao aeroporto por suspeita de imigração ilegal.

"Todos os eventuais interessados em emigrar para o Canadá deverão estar atentos às leis aplicáveis, bem como conscientes de que a decisão final sobre a matéria caberá sempre às Autoridades canadianas", realçou à Lusa o embaixador Pedro Moitinho de Almeida.

O diplomata frisou que "têm-se, inclusive, verificado casos de portugueses que são repatriados imediatamente após a sua chegada como turistas a um aeroporto canadiano, devido à suspeita da intenção de emigração para fins laborais".

Questionado sobre um eventual aumento do fluxo de portugueses no Canadá, tendo em conta a crise económica vivida em Portugal, Pedro Moitinho de Almeida elucidou que "a Embaixada de Portugal e os consulados-gerais só têm conhecimento da vinda dos portugueses que os contactem ou que neles se inscrevam”.

“Não é, assim, possível ter uma ideia exacta do volume de emigração nesta altura", disse.

É a busca de emprego que principalmente move os portugueses a emigrarem, procurando no caso do Canadá um estatuto legal de "trabalhador qualificado ou especializado", quer ao nível federal, quer provincial.

O pedido de imigração é um processo complexo e moroso, podendo obrigar a anos de espera por uma resposta, que pode ser negativa.

Segundo informações recolhidas junto dos serviços de Imigração federal na Embaixada do Canadá em Paris, que centraliza a imigração numa área geográfica que inclui Portugal, a decisão de um processo entregue por um candidato a trabalhador qualificado federal está a demorar 33 meses (ou seja, quase três anos), para pedidos entrados desde Novembro de 2008 a Junho de 2010, ou pode ir até 63 meses (pouco mais de cinco anos) para requerimentos anteriores a Fevereiro de 2008.

Além dos que procuram um emprego, há outros portugueses a emigrarem para o Canadá por razões de reunificação com familiares já radicados, de estudo e em resposta a ofertas de emprego, mas esses são em menor número.

Assinale-se que só a residência permanente ou a nacionalidade garantem o direito a estar definitivamente no Canadá e a usufruir dos sistemas de Segurança Social e de Saúde.

"Em 2011, o Canadá concedeu residência permanente a um total de 248.748 pessoas, valor que se situa dentro do intervalo fixado para o ano, de 240 mil a 265 mil", declarou à Lusa Julie Lafortune, responsável do Ministério de Imigração federal.

No total de residentes permanentes admitidos no ano passado, as duas maiores parcelas são as relativas às categorias dos chamados "imigrantes económicos" e da "classe familiar", representando, respectivamente, 62,8 e 22,7 por cento.

É a categoria dos "imigrantes económicos" que integra os trabalhadores qualificados (quer se candidatem individualmente ou juntamente com as famílias), os imigrantes da "Classe de Experiência Canadiana" (trabalhadores estrangeiros temporários ou estudantes estrangeiros que obtiveram diplomas no Canadá e que receberam residência permanente), assim como investidores e empresários imigrantes, entre outros.

O Governo canadiano quer agora favorecer os imigrantes da "Classe de Experiência Canadiana” e está a diminuir o número de imigrantes na categoria de "Trabalhador Qualificado Federal", anunciando para breve critérios mais selectivos.

Exemplo elucidativo é o tempo de decisão dos processos de imigração no âmbito da "Classe de Experiência Canadiana”, que é de 14 meses, sendo todos analisados no Canadá.

Homem detido por suspeita de asfixia e esfaqueamento de uma mulher

Um homem foi detido em Oeiras por suspeitas da autoria de um crime de homicídio, a 11 de novembro, no qual terá asfixiado e esfaqueado a vítima e ateado fogo ao local, anunciou, esta terça-feira, a Polícia Judiciária.

De acordo com a Polícia Judiciária (PJ), o homem é suspeito de, com a vítima já morta, se ter apoderado de vários objetos e dinheiro, tendo de seguida ateado fogo ao local aonde estava o cadáver.

A mulher de 51 anos era conhecida do agora detido e foi morta no primeiro andar de um edifício onde residiam os seus pais, na freguesia de Porto Salvo, Oeiras, avançou a PJ.

O suspeito já foi presente a tribunal, que aplicou a prisão preventiva como medida de coação.

Máfia chinesa extorquía e tinha casino ilegal.

Um muro de silêncio impediu as autoridades de aprofundar a investigação sobre métodos mafiosos usados entre chineses em Vila do Conde. Mesmo assim, estão acusados oito por extorquir e explorar um casino ilegal.

O líder do grupo está preso desde março passado e são-lhe agora imputados factos criminosos graves: a liderança de um esquema de "cobrança de rendas" a compatriotas mediante ameaças de morte; concessão de empréstimos a juros exorbitantes; e "cobranças difíceis" em negócios. Tudo matéria que a Polícia Judiciária do Porto não teve hipóteses de aprofundar, pela insuficiência dos indícios fornecidos através de escutas telefónicas. A colaboração das vítimas é nula e a barreira do idioma também dificulta.

Outras suspeitas sobre este indivíduo, de 43 anos, residente na Póvoa de Varzim, apontam para a montagem de esquema de abortos ilegais e também de ter mandado mulheres chinesas instalar casas de prostituição. Estes indícios tiveram de ser arquivados pelo Ministério Público, por falta de prova consistente.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Duarte Lima continuará a cumprir pena em casa


O ex-líder parlamentar do PSD Duarte Lima, acusado de três crimes de burla qualificada, dois de branqueamento de capitais e um de abuso de confiança agravado, vai continuar em casa com pulseira eletrónica por decisão judicial.

Citado pela Agência Lusa, o advogado Raul Soares da Veiga disse que Duarte Lima continuará obrigado "à permanência na habitação", uma medida de coação que "será revista de três em três meses".

O defensor entendia que a medida de coação a aplicar ao ex-líder parlamentar do PSD devia "ser menos gravosa", mas o Ministério Público (MP) pediu a manutenção da medida de coação, imposta em maio, e o juiz Carlos Alexandre entendeu deferir.

O mandatário de Duarte Lima alegava que "não há perigo" de a investigação ser perturbada, agora que foi deduzida acusação, nem "o risco de fuga" para o estrangeiro.

Também acusado de burla qualificada e branqueamento de capitais, o filho de Duarte Lima, Pedro Lima, continua em liberdade, depois de ter pago uma caução de 500 mil euros.

Duarte Lima foi notificado pessoalmente no sábado, dia em que se completava um ano da aplicação das medidas preventivas privativas da liberdade.

Se não fosse acusado no sábado, Duarte Lima teria de ser libertado no domingo.

Suspeito de burlar o BPN em 44 milhões de euros, Duarte Lima foi detido a 17 de novembro do ano passado, tendo ficado em prisão preventiva, mas, em maio, o juiz determinou que ficasse em prisão domiciliária, com pulseira eletrónica.

Duarte Lima é suspeito do usufruto de vários créditos no valor de mais 40 milhões de euros, obtidos com garantias bancárias de baixo valor, que permitiriam adquirir terrenos no concelho de Oeiras, localizados nas imediações da projetada sede do Instituto Português de Oncologia (IPO).

O projeto da sede do IPO no concelho de Oeiras não avançou e o crédito pedido ao BPN ficou por liquidar.

Além de Duarte Lima e Pedro Lima, são igualmente arguidos o empresário Vítor Raposo e os advogados João Almeida Braga e Miguel Almeida Braga, também acusados pelo MP.

Duarte Lima foi indiciado de também burlar o sócio Vítor Raposo.

PJ faz buscas na Junta de Freguesia de Esmoriz


A Junta de Freguesia de Esmoriz, concelho de Ovar, foi esta segunda-feira sujeita a buscas pela Polícia Judiciária, cujos inspetores, segundo o secretário do Executivo, aí terão também recolhido o depoimento de alguns munícipes.

A Assembleia de Freguesia de Esmoriz foi recentemente destituída, após o que a Secretaria de Estado da Administração Local anunciou já eleições intercalares para o próximo dia 13 de janeiro, mas Jerónimo Alves garantiu à Lusa que as buscas se devem apenas ao processo de averiguações iniciado por essa autoridade policial já no final do verão de 2011.

"O Executivo do PS realizou uma auditoria à junta mal tomou posse, depois encaminhou o relatório de resultados para as entidades competentes e, ao que conseguimos apurar, terá sido uma juíza que remeteu o caso para a PJ", conta o secretário da Junta. "Desde o ano passado já houve outras buscas, mas hoje terá sido o dia em que a PJ lá passou mais tempo, a ver documentação e também a recolher depoimentos".

De acordo com esse responsável, na origem do processo estarão as irregularidades detetadas na auditoria quanto aos 12 anos de governação local pela lista de independentes presidida pelo ex-autarca Alcides Alves.

"Basta ver que assumimos a Junta com 200 mil euros de dívidas às coletividades e 130 mil euros de dívidas a fornecedores", recorda Jerónimo Alves, "e alguns destes valores tinham estado escamoteados nas contas da freguesia".

A Polícia Judiciária estará, por isso, a verificar documentos que, ainda segundo o atual secretário da Junta, chegam a remontar "à década de 90".

A Lusa tentou contactar o anterior presidente da Junta de Freguesia de Esmoriz, mas esse não esteve contactável.

Procurou ainda ouvir a atual chefe do Executivo local, mas essa também não esteve disponível.